ÁFRICA E EUROPA UNIDAS NA CRIAÇÃO DE EMPREGOS
ÁFRICA E EUROPA UNIDAS NA CRIAÇÃO DE EMPREGOS
A III Cimeira África-União Europeia adopta, hoje, uma declaração final – Declaração de Tripolil – para encontrar meios, de forma que, em conjunto, europeus e africanos enfrentarem os desafios dos dois continentes, desemprego, crescimento económico e investimento no sector privado.
O encontro que hoje encerra os trabalhos e conta com a participação do Vice-Presidente de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos, deve, igualmente, adoptar um II Plano de Acção (2011-2013) para a implementação da Estratégia Conjunta África – UE, já aprovada na segunda cimeira, realizada em Lisboa, em Dezembro de 2007, sete anos depois do primeiro encontro entre os dois blocos, no Cairo.
Em Tripoli é feito ainda um balanço da implementação do primeiro plano de acção também aprovado na capital portuguesa, há três anos, e que vigorou entre 2008 e 2010. Angola espera que a Cimeira África-Europa represente um avanço na parceria entre os dois continentes nos planos político, do desenvolvimento de acções concretas e em instrumentos de apoio que viabilizem a inclusão de todos no processo.
Esta posição foi manifestada, ontem, pelo Vice-Presidente da Republica, à margem da Cimeira durante as audiências com os Primeiros-Ministros da Finlândia, Mari Kiviniemi, e da Eslovénia, Borut Pahor.
Em Abril de 2000, os Chefes de Estado africanos e europeus, reunidos na I Cimeira África-Europa, no Cairo, decidiram lançar politicamente uma nova etapa no relacionamento entre os dois continentes, estabelecendo um quadro global fora dos acordos existentes, visando o diálogo e a cooperação sobre questões políticas, económicas, sociais e de desenvolvimento. Mas, foi em Lisboa, na II Cimeira, em 2007, que o relacionamento assumiu uma dimensão estratégica, ao ser adoptado pelas duas regiões uma “nova parceria política estratégica para o futuro”.
A Estratégia Conjunta Africa-UE teve como suporte inicial o Plano de Acção 2008-2010, em torno de oito parcerias temáticas: paz e segurança, boa governação e direitos humanos, comércio, integração regional e infra-estruturas, Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, energia, alterações climáticas, migração, mobilidade e emprego, ciência, sociedade da informação e espaço.
O plano de acção, que é hoje adoptado, defende que se passe de um processo descendente para um processo ascendente, que represente avanços na vontade das duas partes em matéria de cooperação com vantagens recíprocas. Fernando da Piedade dias dos santos recebeu, igualmente, o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que manifestou interesse em visitar oficialmente Angola.
Ontem, durante a intervenção, de quase uma hora, na abertura da cimeira, o Presidente do país anfitrião, Muammar Kadhafi, convidou os lideres africanos e europeus a traduzirem, na prática, a vontade dos povos na promoção da cooperação, a todos os níveis, em projectos concretos que sirvam os interesses das populações dos dois continentes.
Kadhafi frisou que não basta que se gizem projectos económicos com África e que a parte europeia faça depois prevalecer os aspectos políticos sobre os económicos. A título de exemplo, referiu a ingerência da Europa nos assuntos internos dos países africanos e o não respeito pelas suas culturas e especificidades. Kadhafi foi pressionado pelos grandes da Europa – Alemanha e França – a impedir a presença em Tripoli do Presidente do Sudão, que tem às costas um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur. O líder líbio, empenhado numa ampla campanha para a criação de um prémio de direitos humanos com o seu nome, aconselhou Omar Al Beshir a cancelar a deslocação a Tripoli, onde já se encontrava o ministro sudanês dos Negocios Estrangeiros, Ali Ahmed Karti. Sarekozi e Angela Merkel também estiveram ausentes.
Kadhafi, que condenou as imposições neocolonialistas da Organização Mundial do Comércio, avisou que se a Europa insistir em não cooperar em pé de igualdade, a África vira-se para outros cantos do mundo, como a América Latina, a Rússia e a Ásia.
União Europeia
O Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse contar com África no projecto Europa 2020, que tem como objectivo criar uma economia inteligente e sustentada. “Agora devemos consolidar e aprofundar os nossos laços, apoiando-nos no potencial ainda não explorado das relações UE-África”, reiterou.
“Uma cooperação mais sólida e mais intensa beneficiará consideravelmente o desenvolvimento de África e terá um papel importante na realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, referiu.
A União Africana e a União Europeia, com 1,5 mil milhões de habitantes, representam um quarto da população mundial e mais de um terço dos membros da ONU. A UE é o maior aliado político e o maior parceiro económico de África.
A IV Cimeira Africa-Europa está prevista para 2013, em Bruxelas.
FONTE: http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/africa_e_europa_unidas_na_criacao_de_empregos